HPIM 127. Hemoglobinopatias Flashcards Preview

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Flashcards in HPIM 127. Hemoglobinopatias Deck (162)
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1
Q

Como varia a gravidade das hemoglobinopatias?

A

Desde alterações laboratoriais assintomáticas a morte in utero,

2
Q

Como é constituída a Hb?

A

Tetramero de cadeias de globina

3
Q

Quantos grupos heme tem 1 cadeia de globina?

A

1 grupo heme

4
Q

Como é constituído o grupo heme?

A

Protoporfirina IX + Fe2+

5
Q

Uma molécula de Hb consegue transportar quantas moléculas de O2?

A

4

6
Q

Que propriedade são afetadas nas hemoglobinopatias?

A
  • Solubilidade e ligação reversível do O2
7
Q

O que é a cooperatividade ou interação heme-heme?

A

Ligação do O2 e a sua libertação numa faixa estreita de tensões de O2

8
Q

Como se define o efeito Bohr?

A

Capacidade da Hb libertar mais O2 para os tecidos em pH baixo.

9
Q

Qual a principal moléculas que altera a afinidade pelo O2?

A

2,3-BPG (< afinidade pelo O2)

10
Q

Qual a Hb que não se liga ao 2,3 BPG? Qual a consequência?

A

HbF - > afinidade para o O2

11
Q

A que outra molécula se liga a Hb e de que forma?

A

Óxido nítrico - modo reversível (influencia o tonus vascular)

12
Q

Quando surgem pela primeira vez os eritrócitos?

A

Às 6 semanas de gestação

13
Q

Quando se torna predominante a HbF?

A

Às 10-11 semanas

14
Q

Quando ocorre a mudança para uma sintese quase exclusiva da HbA?

A

38 semanas

15
Q

A gestação depende de globina B?

A

Não - apenas alfa

16
Q

Qual o factor de transcrição envolvido na transição da HbF para HbA?

A

Bcl11

17
Q

O que são as células F?

A

São clones de eritrócitos que resultam de um reservatório de precursores eritróides imaturos (BFU-e), que mantêm a capacidade de produzir HbF

18
Q

Que situações levam a um > do recrutamento de BFU-e (células F)

A

1) Stress eritróide

19
Q

Em que cromossomas se encontram a globina alfa e a beta?

A
  • globina a - cr 16
  • globina B - cr 11
20
Q

Qual o papel da LCR (Locus control region)?

A

Controla o nível global de expressão de cada grupo de genes das Hb humanas

21
Q

Qual a proteína que modula a LCR que controla o grupo da globina a?

A

ATRX

22
Q

Quais as manifestações clínicas resultantes de mutação da ATRX?

A
  1. a-talassemia
  2. Atraso mental
  3. Alterações da MO (Mielodisplasia)
23
Q

De que forma se pode explicar a variabilidade clínica em doentes com mutações talassémicas hereditárias idênticas?

A

Polimorfismo na quantidade/função da PEAH (proteina estabilizadora da Hb a)

24
Q

Qual a função da PEAH?

A

> Solubilidade e dobramento da alfa Hb (< precipitação)

25
Q

Quais as 5 principais classes de hemoglobinopatias?

A
  1. Estruturais (polimerização anormal, alteração da solubilidade e afinidade para o O2)
  2. Talassemias (produção deficiente das cadeias de globina)
  3. Variantes da talassemia (alterações estruturais + caracteristicas da talassemia)
  4. Persistência hereditária da HbF
  5. Adquiridas (modificações da Hb por toxinas ou anormalidade clonaisna síntese de Hb)
26
Q

Em que áreas predominam as hemoglobinopatias?

A

Áreas onde a malária é endémica.

27
Q

Que grupos de doentes é mais susceptivel à infeção pelo Plasmodium vivax não letal? Qual a consequência?

A
  • Crianças com a-talassémia
  • Talassemia pode favorecer uma proteção natural contra P. falciparum, o mais letal
28
Q

Qual o distúrbio genético mais comum no mundo?

A

Talassémias

29
Q

Qual a incidência de B-talassémia?

A
  • 10-15% dos indivíduos de Mediterrâneo e Sudeste Asiático
  • 0.8% nos afrodescendentes
30
Q

Qual a incidência dos portadores assintomáticos da a-talassémia?

A

15% dos afrodescendentes

31
Q

Qual a incidência do traço de a-talassémia?

A
  • 3% - afrodescendentes
  • 1-15% - ascendência mediterrânica
32
Q

Qual a incidência da anemia falciforme?

A
  • Heterozigotica - 8% dos afrodescendentes
  • Homozigótica- 1:400
33
Q

Que % dos afrodescendentes é portadora de um alelo da HbC?

A

2-3%

34
Q

As mutações da cadeia alfa causam pertubações em que Hb?

A

Nas 3 (HbA, HbA2 e HbF)

35
Q

Qual a diferença na sintomatologia entre as hemoglobinopatias alfa e B?

A
  • Alfa - sintomáticas in utero e depois do nascimento
  • Beta - sintomáticas apenas > 3-9 meses de vida
36
Q

Qual poderá ser um estratégia efetiva para as hemoglobinopatias B?

A
  • Prevenção ou reversão parcial da troca HbF-HbA.
37
Q

Quais os principais métodos de rastreio das hemoglobinopatias?

A
  1. Electroforese da Hb a pH 8.6 em membranas de acetato de celulose
  2. Electroforese da Hb em agar gel a pH 6.1 em tampão citrato
38
Q

Que técnica permite detetar as variantes electroforeticamente silenciosas?

A

Espectroscopia de massa

(está a substituir a eletroforese como tecnica inicial)

39
Q

O que evidencia geralmente a quantificação do perfil da Hb?

A
  • HbA2 - > B-talassémia e < deficiência de ferro
  • HbF - > PHHF, algumas talassémias, stress eritroide e displasia medular
  • Hbs - quantificação do traço falciforme; sindromes talassémia-falciformes; doença HbSC; Monitorazação da exsanguineotranfusão para < Hbs circulante
40
Q

Em que situações a análise electroforética pode ser considerada completa?

A

Se foram feito ensaios funcionais:

  • Falciformização da Hb
  • Solubilidade
  • Afinidade pelo O2
41
Q

O que mede o teste de solubilidade falciforme?

A

A falciformização da Hb (grau com que a amostra de Hb se torna insolúvel ou gelatinizada quando desoxigenada)

42
Q

Como se detetam Hb instáveis?

A

Precipitação em isopropanolol ou após aquecimento a 50ºC

43
Q

Como se detetam as variantes de alta ou baixa afinidade pelo O2?

A

P50 = pressão parcial de O2 em que a amostra se torna 50% saturada com O2.

44
Q

Como se determina a % de carboxi-Hb e metemoglobina?

A

Técnicas espectrofotométicas

45
Q

Qual a melhor maneira de estabelecer o diagnóstico de hemoglobinopatia?

A
  • HC
  • EO
  • Esfregaço do sangue periférico
  • Hemograma completo
46
Q

Que gene está mutado na Anemia falciforme?

A

B-globina

47
Q

Quais as principais alterações no eritrocito na drepanocitose?

A

Hb sofre polimerização reversível quando desoxigenada:

  • Membrana + rigida
  • > viscosidade
  • Desidratação (influxo de Calcio e extravamento de K+)
  • Forma de foice
  • < flexibilidade
48
Q

O que caracteriza a evolução clínica?

A

O quadro vaso-oclusivo

49
Q

Qual a doença protótipo das sindromes falciformes?

A

Anemia falciforme (homozigotia HbS)

50
Q

Qual o quadro laboratorial na maioria dos doentes com sindromes falciformes?

A
  • AH
  • Htc 15-30%
  • Reticulocitose
  • Granulocitose é comum
51
Q

A anemia oferece efeitos protectores contra a vaso-oclusao?

A

Não (O > do Htc e a inibição da reticulocitose por feedback podem ser benéficos)

52
Q

Qual a manifestação clínica + comum da anemia falciforme?

A

Crises álgicas

53
Q

Qual é tipicamente a duração das crises algicas?

A

Horas- 2semanas

54
Q

Quais os factores desencadeantes das crises álgicas?

A
  • Febre
  • Infeção
  • Exercício
  • Mudanças bruscas de temperatura
  • Ansiedade
  • Hipóxia
  • Corantes hipertónicos
55
Q

Em que altura é frequente a auto-esplenectomia?

A

18-36 meses

56
Q

Como se caracteriza a crise de sequestro esplénico?

A
  • Obstrução venosa aguda do baço
  • Raro na infância
  • Pode exigir tranfusão de emergência e/ou esplenectomia
57
Q

Como se manifesta a oclusão dos vasos retinianos?

A
  • Hemorragia
  • Neovascularização
  • Descolamentos da retina
58
Q

Quais as manifestações renais da drepanocitose?

A
  • Necrose papilar - isostenúria (sempre)
  • Hematuria, proteinuria (20-30%)
  • DTI
  • GNMP , GESF
  • IR - causa tardia de morte
59
Q

Quais as manifestações osteoarticulares da anemia falciforme?

A
  • Necrose asséptica (+ cabeça femur e úmero)
  • Artropatia crónica
  • Osteomielite (Salmonella)
  • Sindrome da mão e pé (enfartes dolorosos e dactilite)
60
Q

O AVC é mais comum em crianças ou adultos?

A

Crianças

61
Q

O AVC hemorrágico é mais comum em crianças ou adultos?

A

Adultos (apesar de o AVC ser menos comum)

62
Q

Quais as manifestações genito-urinarias que ocorrem nos homens?

A
  • Priapismo doloroso
  • Impotência permanente (comum)
63
Q

Como se manifesta a síndrome torácica aguda?

A
  • Dor torácica
  • Taquipneia
  • Febre
  • Tosse
  • Dessaturação de O2 arterial (especialmente grave porque conduz a falciformização massiva)
64
Q

Quais as patologias subjacentes ou concomitantes + comum num doente com sindrome toracico agudo?

A
  • Pneumonia
  • Enfarte pulmonar
65
Q

Quais as principais consequencias das crises pulmonares?

A
  • HTPulmonar
  • Cor pulmonale
  • Morte - causa cada vez mais comum
66
Q

Como se manifesta a lesão subaguda ou crónica do SNC?

A
  • comum - início da infância
  • disturbios cognitivos e comportamentais em crianças e adultos jovens
67
Q

Como se caracteriza a talassemia falciforme e a anemia falciforme-HbE relativamente à anemia falciforme?

A
  • Sintomas semelhantes, mas ligeiramente mais discretos
68
Q

Como se caracteriza a HbSC?

A
  • Uma das variantes + comuns da anemia falciforme Hb S50/C50)
  • Graus menores de AH
  • > Retinopatia, necrose asseptica
69
Q

Quais as manifestações clinicas do traço falciforme?

A
  • Frequente/ assintomático
  • Anemia e crises álgicas são raras
  • Hematúria indolor - raro, mas específico!!!, > adolescentes do sexo masculino (necrose papilar)
  • Casos raros de falciformização massiva e morte súbida, obstrução ureteral
70
Q

Quais as recomendações no traço falciforme?

A

Evitar desidratação ou stress físico extremo!

71
Q

Esta recomendada a determinação do genótipo nos familiares e parceiros de doentes com anemia falciforme?

A

Sim - essencial para o aconselhamento genético

72
Q

Quais os fatores associados ao > morbilidade e < da sobrevida?

A
  • > 3 crises álgicas/ano com necessidade de hospitalização
  • Neutrofilia crónica
  • Hx de sequestro esplénico
  • Hx de sindrome mão e pé
  • 2º episódio de STA
73
Q

Que medidas devem ser adoptadas em doentes com historia de AVC? Porquê?

A
  • Exsanguineotranfusão parcial (3-5 anos) + controlo do fluxo carotídeo com doppler
  • > risco de episodios repetidos
74
Q

O que pode ser necessario no controlo dos episódios STA graves e repetidos?

A
  • Exsanguineotranfusão parcial
  • Transfusão para o resto da vida
75
Q

Qual o papel das vacinas contra H.influenza e pneumococos na anemia falciforme?

A
  • Devem ser administradas no início da vida, porque são menos eficazes em esplectomizados.
76
Q

Qual o tratamento das crises álgicas?

A
  1. Hidratação
  2. Analgesia
    1. Morfina (0.1-1.15 mg/kg cada 3-4h) - dor intensa
    2. Ceterolac (30-60 mg - 15-30 mg 6-8h) - dor óssea
    3. Inalaçao de óxido nítrico - alivia dor a curto prazo. ATENÇÃO: evitar hipoxia e depressão respiratoria
  3. Oxigenoterapia (evitar dessaturação)
  4. Tranfusão sanguinea - so em casos extremos porque não < duração das crises
77
Q

Em adultos, que causas se devem ponderar? Qual o tratamento?

A
  • Necrose asseptica ou artropatia crónica
  • AINES
78
Q

Qual a abordagem da STA?

A

Emergência clínica!!!

  1. Hidratação - monitorizar por risco de edema pulmonar
  2. Oxigenoterapia (+++) - proteção da saturação arterial
  3. Transfusão - Htc > 30%
  4. Exsanguineotranfusão de emergência se SatO2 > 90%
79
Q

Quais os mecanismos de ação da hidroxiureia?

A
  • > HbF
  • Hidratação dos eritrocitos
  • Efeitos benéficos na aderência à parede vascular
  • Supressão da contagem de granulocitos e reticulocitos - dose deve ser titulada para contagem de leucócitos entre 5000 e 8000 cel/uL
80
Q

Quais as indicações para o tx com hidroxiureia?

A
  • Episódios repetidos de STA
  • >3 Crises algicas/ano com necessidade de internamento
81
Q

A hidroxiureia tem impacto na sobrevida?

A

Sim

82
Q

Quais os efeitos adversos da hidroxiureia?

A

Risco mínimo de discrasia medular e neoplasia

83
Q

Que outros agentes > HbF?

A
  • 5 Azacitidina - toxicidade aguda e carcinogénese!!!
  • Decitabina em baixas doses - menor toxicidade
84
Q

Qual o papel do TMO na anemia falciforme?

A
  • Cura definitiva
  • Eficaz e seguro apenas em crianças
85
Q

Quais as indicações para TMO?

A
  • Crises repetidas no inicio da vida
  • Neutrofilia
  • Síndrome da mão pé
86
Q

Quais as novas possibilidades de terapia genica?

A
  • Correção directa de genes in situ
  • Desrepressão da HbF por meio da interferência com bcl11a
87
Q

Quais as mutações representativas das Hb Instáveis?

A
  • Philly - pontos de contacto entre as subunidades a e B
  • Genova - segmentos helicoidais
  • Koln - bolsas hidrofóbicas
88
Q

Como se denominam os corpusculos de inclusão nas Hb instáveis? Como podem ser detectados?

A
  • Corpusculos de Heinz
  • Coloração com cristal violeta
89
Q

Como se manifestam as Hb instáveis?

A
  • AH de gravidade variável
    • Grave - ictericia ou anemia neonatais
    • Leve - anemia ou reticulocitose inexplicada, hepatoesplenomegalia)
  • Úlceras na perna e doença prematura da vesicula biliar (estigmas)
90
Q

Como se classificam as mutações nas Hb instáveis?

A
  • Esporádicas/espontâneas
  • Hbs instaveis sintomáticas tendem a ser variantes da globina B
91
Q

Mutações esporádicas que só afetam 1 alelo da globina a produziriam que % de Hb anormal?

A

20-30%

92
Q

Os heterozigoticos sao sintomáticos nas Hbs instáveis?

A

Geralmente sim

93
Q

Quando suspeitar de Hb instáveis?

A
  • AH nao imune
  • Ictericia
  • Esplenomegalia
  • Doença prematuras as VBs
94
Q

Como se estabelece o dx de Hb instáveis?

A
  1. Preparação dos corpusculos de Heins (cristal de violeta)
  2. Teste de isopropanolol ou estabilidade ao calor
  3. Espectroscopia de massa ou análise genética - dx definitivo
  4. ESP: anisocitose e poiquilositose
95
Q

Qual a abordagem das Hbs instáveis?

A
  • Suporte transfusional nos primeiro 3 anos de vida (esplenectomia antes causa défice imune significativo)
  • Suporte transfusional crónico
  • Esplenectomia é eficaz > 3 anos, mas deve ser evitada ou adiada!
96
Q

Quais as consequencias da esplenectomia?

A
  • Litiase biliar
  • Ulceras de perna
  • Hipercoagulabilidade
  • Susceptibilidade à sepsis fulminante
  • Défice imune grave (< 3 anos)
97
Q

Quais os fatores que agravam as Hbs instaveis?

A
  • Infeções
  • Antimaláricos
98
Q

Qual a Hb de alta afinidade?

A

Yakima

99
Q

Quais as consequências da Hb de alta afinidade?

A
  • Hipóxia tecidular ligeira
  • Eritrocitose - Htc > 60-65%
  • Sintomas de hiperviscosidade
100
Q

Como se manifestam clinicamente as Hbs de alta afinidade?

A
  • Assintomática com frequência
  • Plétora, rubor
  • Sintomas de alta viscosidade e fluxo lento (Htc>60%) - cefaleias, tontuas, sonolência)
101
Q

Qual o melhor teste para a confirmação de uma Hb de alta afinidade?

A

P50

102
Q

Como se encontra a curva de dissociação e o P50 da Hb de alta afinidade?

A
  • Desvio esquerdo da curva
  • < p50
103
Q

Que outras condições podem diminuir o P50?

A
  1. Tabagismo
  2. CO
104
Q

Qual o achado laboratorial que sugere Hb de alta afinidade?

A

Eritrocitose

105
Q

Que tratamento pode ser necessário?

A

Flebotomia

106
Q

Quais os objetivos da flebotomia?

A
  • Melhorar o transporte de O2
    • < viscosidade do sangue
    • > fluxo sanguíneo
  • Deficiência de ferro modesta pode ajudar no controlo
107
Q

Quais os possiveis inconvientes da flebotomia excessiva?

A
  1. Estimulação da eritropoiese
  2. Agravamento dos sintomas por impedimento do mecanismo compensatório
108
Q

Em que doentes se deve suspeitar de Hb de baixa afinidade?

A
  • Htc baixo (pseudoanemia)
  • Cianose (dessaturação da Hb capilar)
109
Q

Como se designa a Hb de baixa afinidade?

A

Kansas

110
Q

Qual o tratamento da Hb de baixa afinidade?

A

Sem tratamento específico.

Aconselhamento e tranquilização

111
Q

Como e produzida a metemoglobina?

A

Oxidação do ferro do heme ao estado férrico (Fe 3+)

112
Q

Qual o achado ao EO sugestivo de metemoglobinémia?

A

Coloração castanha azulada que lembra cianose

113
Q

Como se encontra a PaO2 na metemoglobinémia?

A

Normal (> afinidade para o O2)

114
Q

Quais os tipos de metemoglobinémia?

A
  1. Congénita
    1. Mutações da globina que estabilizam o ferro no estado férrico (Iwata - alfa)
    2. Mutações que comprometem as enzimas que reduzem a metemoglobina a Hb
  2. Adquirida - nitratos e nitritos
115
Q

Quais os sinais sugestivos de metemoglobinémia?

A
  • Sintomas de hipóxia
  • Cianose
  • Pao2 alta
116
Q

Qual o aspecto do sangue na metemoglobinémia e que pode constituir um indicio fundamental?

A

Aparência barrenta do sangue

117
Q

Qual o melhor exame para documentar a metemoglobinémia?

A

Ensaio de metemoglobina (emergência)

118
Q

Quais os sintomas de metemoglobinémia?

A
  • Isquémia cerebral >15%
  • Fatal > 60-50%
119
Q

Qual o tratamento da metemoglobinémia?

A
  1. Emergente - 1 mg/kg iv de azul de metileno
  2. Casos leves /seguimento casos graves - azul de metileno vo (60 mg 3-4x/dia) ou ácido ascórbico (300-600 mg/dia)
120
Q

Quais as características que definem as sindromes talassémicas?

A
  • Defeito da síntese de globinas
  • Acumulação desequilibrada das subunidades a e B - domina o fenótipo clínico
  • Microcitose e hipocromia
  • Gravidade clínica varia amplamente
121
Q

Quais mutações que originam as formas mais comuns de B-talassemia?

A
  1. Splicing do mRNA precursor
  2. Interrupção prematura da tradução do mRNa
122
Q

Quais as manifestações clínicas da B-talassémia?

A
  • Hipocromia e microcitose
  • Anemia Hemolítica grave - hepatoesplenomegália, úlceras de perna, cálculos biliares e ICC alto débito)
  • Expansão da MO - fácies de esquilo, fractura patológica dos ossos longos e das vertebras; atraso acentudado do crescimento
  • Massas de tecido eritróide extra-medular (fígado e baço) - hiperplasia eritróide
  • Inaniação, susceptibilidade a infeções e disfunção endócrina (consumo calórico)
123
Q

Quais as características da B-talassémia minor (traço talassémico)?

A
  • Hipocromia e microcitose com células em alvo
  • Anemia mínima
  • > HbA2 (3.5-7.5%)
  • Algumas formas: HbA2 normal e/ou >HbF
  • Assintomático
124
Q

Qual o principal Diagnostico diferencial de B-talassémia minor?

A

Défice de ferro

125
Q

Como se define a gravidade da B-talassemia?

A

Altamente variável:

Mais grave :

  • B-talassémia major - suporte tranfusional intensivo

Intermédia

  • B-talassémia intermédia (fenótipo mais leve)

Mais leve:

  • Defeitos mais leves da síntese das globinas
  • Co-herança do traço a-talassémia
  • Persistência de HbF
126
Q

Como se estabelece o dx de B-talassémia major?

A
  • Anemia profunda
  • Sinais de eritropoiese ineficaz maciça:
    • Hepatoesplenomegálias
    • Microcitose profunda
    • Esfregaço sanguíneo característico
    • > HbF, HbA2 ou ambas
127
Q

Quais as indicações terapêuticas da B-talassémia major?

A
  • Hipertransfusão crónica - Htc > 27-30%
  • Esplenectomia se a necessidade de transfusão anual > em 50%
  • Suplementos de ácido fólico
  • Vacinação com Pneumovax (antes da esplenectomia)
  • Avaliação endócrina (sobrecarga de ferro)
128
Q

Quais as indicações terapêuticas da B-talassémia intermédia?

A
  • Podem sobreviver sem hipertransfusão crónica
  • Alguns doentes podem beneficiar de esplenectomia
129
Q

Quais as principais causas de sobrecarga de ferro?

A
  1. Transfusão
  2. Absorção excessiva de ferro da dieta e hemossiderose por expansão da massa eritróide
130
Q

Em que população é mais comum da a-talassémia?

A

Asiáticos

131
Q

Como se define o estado de portador silencioso da a-talassémia?

A
  • Traço da a-talassémia 2 = deleções de 1 dos 4 loci das a-globina (a-/aa)
  • Comum em afro-descendentes (15-20%)
132
Q

Como se caracteriza o traço a-talassemia 1?

A
  • (–/aa) ou (-a/-a) - cis e trans respectivamente
  • Semelhante à B-talassemia minor
  • Hipocromia e microcitose assintomáticas
  • Ausência de anemia
  • HbA2 e HbF normais
133
Q

Em que indivíduos é comum o traço a-talassemia 1?

A

Asia e regiao do mediterrâneo

134
Q

Quais as formas mais comuns de a-talassémia?

A
  • a-talassemia 2 (-a/aa)
  • forma trans da a-talassémia 1 (homozigotia para a-talassemia 2)
135
Q

Como se caracteriza a doença HbH?

A
  • Talassémia intermédia (a-/–) - Anemia hemolítica moderadamente grave com eritropoiese ineficaz mais leve
  • HbA = 25-30% do normal
  • O feto acumula cadeias gama (Hb Barts) e os adultos formam tetrameros de cadeias B (HbH)
  • Comum sobrevida ate à meia idade sem transfusão
136
Q

Como se caracteriza a hidropsia fetal com HbBarts?

A
  • Estado homozigótico para a deleção cis da a-talassemia 1 = (–/–)
  • Excesso de cadeias gama forma tetrameros (Hb barts) com alta afinidade para o O2 - asfixia tecidual, edema, ICC e morte in utero
137
Q

Qual o tratamento da a-talassemia?

A
  • Traço talassémico - aconselhamento genético
  • Doença HbH
    • Esplenectomia se houver anemia excessiva ou necessidade de transfusão
    • Evitar fármacos oxidativos
138
Q

As tranfusões crónicas prolongam a sobrevida na B-talassemia?

A

Sim

139
Q

Qual a esperança media de vida na B-talassémia?

A

30 anos

140
Q

A HbA2 e a HbF estão aumentas na a-talassémia?

A

Não. Só na talassémia B

141
Q

Qual a alteração que dá origem à Hb Lepore?

A
  • Crossover desigual e recombinação do gene delta com o gene B
  • Síntese precária, pois o gene de fusão fica sob o controlo do promotor da globina delta.
142
Q

Em que população é comum a Hb Lepore?

A

Bacia do Mediterrâneo

143
Q

Como se manifesta a Hb Lepore?

A
  • Fenótipo semelhante ao da B-talassémia, excepto pela presença de 2-20% Hb Lepore
  • Heterozigoticos compostos (Hb Lepore + B-talassemia classica) - talassémia grave
144
Q

Em que população é comum a HbE?

A

Cambodia, Vietname, Tailândia e California

145
Q

Qual o fenótipo da HbE?

A
  • Heterozigoticos = B-talassemia minor
  • Homozigóticos - microcitose e hipocromia assintomáticas, Hb raramente < 10g/dL
  • Heterozigoticos compostos (HbE + B-talassemia) = B-talassemia intermedia ou major
146
Q

Quais as alterações responsáveis pela HbE?

A
  • Substituição de 1 aa (26)
  • Activação de um local de splicing com formação de um mRNA de globina estruturalmente anormal nao traduzido (50%)
  • BE-globina (40-50%)
147
Q

A PHHF tem efeitos deletérios?

A

não

148
Q

Qual a consequência de elevadação crónica da carboxiHb para 10-15%? Em que doentes isso ocorre?

A
  • Policitémia secundária
  • Fumadores
149
Q

Qual a cor da CarboxiHb? Que consequências isso tem?

A
  • Vermelho cereja
  • Mascara a cianose
150
Q

Em que patologias também foram documentados > HbF ou uma forma leve da HbB?

A
  • Mielodisplasia
  • Disturbios mieloproliferativos
  • Eritroleucemia
151
Q

Quais os efeitos adversos das tranfusões crónicas?

A
  1. Infecção
  2. Aloimunização
  3. Reações febris
  4. Sobrecarga de Ferro
152
Q

A partir de que quantidade de UCE se desenvolve habitualmente a hemossiderose?

A

> 100 UCE

153
Q

Qual a via através da qual há um aumento rápido da sobrecarga de Ferro?

A

Eritropoise acelerada ► Absorção excessiva do ferro da dieta

154
Q

Quais as consequências da sobrecarga de Ferro?

A
  1. > Ferritina
  2. Disfunção endócrina precoce (intolerancia à glicose e atraso da puberdade)
  3. Cirrose
  4. Miocardiopatia
155
Q

Qual o significado do 1) desenvolvimento da IC? E da 2)pericardite precoce?

A
  1. Prenuncio de morte a 1 ano
  2. É seguida de arritmias e falência da bomba
156
Q

Na talassemia Major, quando deve ser iniciada a quelação do ferro para que o aumento da sobrevida seja significativo?

A

Antes dos 5-8 anos

157
Q

Quais os agentes quelantes do ferro?

A
  • Desferroxamina iv (infusão lenta crónica por bomba dosimetrada)
    • relativamente atóxica: ocasionalmente cataratas, surdz e reações cutaneas localizadas
  • Deferasirox oral (20-30 mg/kg)
    • efeitos semelhantes à desferroxamina na < ferro hepatico
    • causa > enzimas hepaticas e > leves e persistentes da Cr
158
Q

O balanço negativo de ferro impede a morbi-mortalidades dos doentes submetidos a transfusões crónicas?

A

Não

159
Q

Quais os resultados do TMO?

A
  • Curativo em 80-90% dos casos se realizados no início da evolução da doença, antes da LOA
  • Tx de mortalidade < 10%
160
Q

Quais os fármacos que aumentam a HbF?

A
  • Hidroxiureia e citarabina - não e efetivo da B-talassémia
  • Butiratos (transitorio) - administração em pulsos ou intermimente sustenta a indução de HbF nos pacientes com anemia falciforme?
161
Q

Em que tipos de hemoglobinopatias são uteis os fármacos que > HbF?

A

Globina B

162
Q

A que se refere uma crise aplásica?

A
  • Interrupção da atividade eritroide em doentes com AH crónica < rápida do Htc
  • Geralmente episódios auto-limitados (1-2 semanas)
  • Infecção por Parvovírus B19 (+crianças; imunidade permanente)
  • Não sofrem recidiva frequente e raramente ocorrem em adultos
  • Tranfusão se anemia sintomática